A arte de rua dos últimos anos é uma das formas mais representativas do que podemos chamar de arte contemporânea. O espaço público como suporte para as artes visuais pode ser enxergado como tal desde as pinturas rupestres, mas a questão é como as intervenções urbanas se transformaram nas últimas duas décadas, assim como as cidades e todas as formas como as entendemos, vivenciamos e consumimos.
Cidade. A nova arte de rua a usa não somente como um suporte, mas como um espaço que está em constante diálogo com o entorno e seus transeuntes, mais que isso, deles depende. Essa busca pode se dar por diversas concepções ideológicas, mas o trabalho, em sua linguagem essencial, recupera o espaço público para as pessoas e questiona a forma como vemos as cidades contemporâneas. As ruas voltam a serem reclamadas em um movimento que se desenvolve por todos os continentes, encontra resposta nas mais distintas culturas e se espalha autonomamente através das diversas mídias disponíveis. Sua relação com o espectador acontece de forma aberta e direta, sem intermediários, é uma arte livre por essência por que não depende de nenhuma estrutura ou mercado para existir, precisa somente da rua e de uma intenção.
Não se trata de um movimento organizado. Não há um manifesto comum. Tampouco há uma nomenclatura que satisfaça tal movimentação. Centenas de iniciativas artísticas afloram nas ruas pelo mundo e sua independência as une em intencionalidade, na sua vontade de mudar a leitura ao redor, de reconquistar o espaço.